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“Isso aí seria o quê na tela?”: a inteligibilidade de imagens fetais ultrassonográficas coconstruída na e pela fala-em-interação

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Autor Frezza, Minéia;
Lattes do autor http://lattes.cnpq.br/7984037419021274;
Orientador Ostermann, Ana Cristina;
Lattes do orientador http://lattes.cnpq.br/8555609827722273;
Instituição Universidade do Vale do Rio dos Sinos;
Sigla da instituição Unisinos;
País da instituição Brasil;
Instituto/Departamento Escola da Indústria Criativa;
Idioma pt_BR;
Título “Isso aí seria o quê na tela?”: a inteligibilidade de imagens fetais ultrassonográficas coconstruída na e pela fala-em-interação;
Resumo Além dos avanços que a ultrassonografia trouxe à obstetrícia, ela também possibilitou a socialização do bebê antes do seu nascimento. Logo, as ultrassonografias fetais são consideradas como práticas híbridas voltadas aos domínios profissional e social. Contudo, pesquisas antropológicas interessadas nesses atendimentos (CHAZAN, 2005, 2007, MITCHELL, 2001; TAYLOR, 2008) apontam diversos problemas de comunicação entre profissionais e gestantes durante esses encontros da ciência e da família com o feto/bebê, sendo estas as maiores reclamações: (a) os/as profissionais não explicam as imagens; e (b) as gestantes, passivas à falta de explicação, não solicitam informações, ou perguntam tanto que acabam “atrapalhando” os atendimentos. Contudo, são raros os estudos que investigam como essas interações realmente acontecem (NISHIZAKA, 2014a, 2014b, 2013, 2011). Com base nesse cenário, este estudo objetiva investigar como profissionais e pacientes coordenam (ou não) sistemas semióticos distintos (fala, gestos, imagens e recursos do equipamento de ultrassom) para realizar as multiatividades que constituem as ultrassonografias fetais. Advindo de um projeto maior sobre interações em medicina fetal (OSTERMANN, 2013), o estudo analisa 114 ultrassonografias, gravadas em áudio e vídeo, em um setor hospitalar especializado em gestação de risco no Sistema Único de Saúde. A análise dos dados, amparada pela Análise da Conversa Multimodal, evidencia que a coordenação entre alguns recursos do ultrassom – como o cursor do mouse e as ações de ampliar, estabilizar e congelar imagens, referências verbais e corporificadas – constitui a ação de “mostrar” (no sentido de “fazer ver”) imagens fetais às gestantes. Nesses casos, a atividade de realizar o exame é suspensa e dá lugar à atividade de “socializar o feto”. Por outro lado, há instâncias em que os profissionais descrevem partes fetais verbalmente sem coordenar a fala com a imagem projetada e com uso de referências corporificadas. Essa “não coordenação” entre imagem, fala e gesto revela uma orientação maior para o domínio profissional, i.e., para o exame, sem, no entanto, desconsiderar a socialização desse ser examinado: o feto que, além de ser avaliado clinicamente, também é apresentado à gestante (e acompanhantes) no aqui e agora interacional. Na ausência de explicações voluntariadas pelos/as profissionais, as gestantes (e eventuais acompanhantes) tendem a iniciar sequências interacionais em busca de informações sobre as imagens e a saúde fetal. Os resultados deste estudo apontam diversas contingências técnicas, próprias do contexto de ultrassonografia fetal, que podem interferir na obtenção de respostas das solicitações das gestantes. Por meio da sistematização das atividades interacionais que constituem esse contexto, almeja-se contribuir tanto para a prática dos/as profissionais que lidam com a necessidade de orquestrar diversos recursos verbais, corporificados e tecnológicos para dar conta do hibridismo que constitui as ultrassonografias, quanto para as gestantes e acompanhantes, que, ao menos no contexto desta pesquisa, lidam com a possibilidade de a ultrassonografia ser o único momento em que veem seus fetos vivos.;
Abstract Beyond the advances ultrasound brought to obstetrics, it also made the socialization of the foetus possible. Thus, fetal ultrasound scans are considered as hybrid practices related to professional and social domains. However, anthropological research studies interested in these scans (CHAZAN, 2005, 2007, MITCHELL, 2001; TAYLOR, 2008) point out several communication problems between professionals and pregnant women during these encounters of science and family with the foetus/baby. These are the main complaints reported: (a) professionals do not explain the images; and (b) pregnant women, passive to the lack of explanation, do not request for information, or ask so much that end up “hindering” the service. Notwithstanding, there are few studies about how these interactions really happen (NISHIZAKA, 2014a, 2014b, 2013, 2011). Based on this scenario, this study aims at investigating how professionals and patients (do not) coordinate distinct semiotic fields (talk, gestures, images and resources from the ultrasound equipment) to achieve the multiactivities that constitute foetal ultrasound scans. As part of a bigger project interested in interactions in foetal medicine (OSTERMANN, 2013), this study analyzes 114 audio-video recorded ultrasound scans held in a ward specialized in high risk pregnancies assisted by the Brazilian Public Health System (SUS). The data analysis, sustained by Multimodal Conversation Analysis, evidences that the coordination among some ultrasound resources – as the pointer of the mouse and the actions of zooming in, stabilizing and freezing images, verbal and embodied references – constitutes the action of “showing” (with the meaning of “making someone see”) foetal images to the pregnant women. In these cases, the activity of performing the scan is suspended so that the activity of “socializing the foetus” can take place. On the other hand, there are instances in which the professionals describe foetal parts without coordinating verbal references with the image projected and with embodied reference. This “discoordination” among image, talk and gesture reveals a larger orientation to the professional domain, i.e., to the scan, but without disregarding the socialization of the being examined: the foetus that, beyond being medically assessed, is also introduced to the pregnant woman (and to the people who might accompany her) in the here-and-now interaction. When there are no explanations volunteered by the professionals, the pregnant women (and eventual companions) tend to initiate interactional sequences searching for information about the images and the foetal health. The results of this study point several technical contingencies, inherent to the context of foetal ultrasound, which can interfere in the achievement of answers deriving from the requests posed by the pregnant women. By means of the systematization of the interactional activities in this context, we aim to contribute to both the professional practices of dealing with the need of orchestrating several verbal, embodied and technical resources in the management of the hybridism that constitute ultrasound scans, and to the pregnant women and companions, who, at least in the context observed, handle the possibility of the having the ultrasound scan as the only opportunity to see their foetuses alive.;
Palavras-chave Análise da conversa multimodal; Ultrassonografias fetais; Interação profissional da saúde-paciente; Multiatividade; Oferta e solicitação de informação; Multimodal conversation analysis; Fetal ultrasound; Health professional-patient interaction; Multiactivity; Information offer/request;
Área(s) do conhecimento ACCNPQ::Lingüística, Letras e Artes::Lingüística;
Tipo Tese;
Data de defesa 2019-02-22;
Agência de fomento CAPES - Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior;
Direitos de acesso openAccess;
URI http://www.repositorio.jesuita.org.br/handle/UNISINOS/7778;
Programa Programa de Pós-Graduação em Linguística Aplicada;


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