Resumen:
Este estudo analisa como o estigma e a vergonha impactam a construção da identidade de mulheres autistas diagnosticadas na idade adulta. A pesquisa, baseada em relatos de mulheres da comunidade autista, especialmente em grupos de neurodivergentes, investiga as consequências do diagnóstico tardio sobre a autopercepção, gerando sentimentos de inadequação. Embora o diagnóstico na vida adulta proporcione alívio ao explicar dificuldades preexistentes, ele também instiga uma reavaliação identitária. A metodologia adotada é qualitativa, envolvendo entrevistas semiestruturadas e análise de conteúdo, permitindo que as participantes compartilhem suas experiências e aprofundem a compreensão das emoções associadas, incluindo a vergonha desencadeada pelo estigma social ligado à neurodivergência. O estudo busca aumentar a conscientização sobre as vivências dessas mulheres e estimular debates que promovam inclusão e suporte adequado. Os resultados corroboram a hipótese de que o diagnóstico tardio, embora represente um alívio por fornecer uma "explicação" para dificuldades anteriores, intensifica a vergonha, em decorrência do estigma social. Este estudo integra conceitos de identidade, estigma e vergonha, defendendo a necessidade de intervenções
específicas que considerem as particularidades das mulheres autistas no contexto do ativismo neurodivergente e das práticas de diagnóstico e suporte.