Abstract:
Esta tese investiga como os imaginários sobre o Nordeste brasileiro são tensionados
e atualizados nos processos de midiatização, a partir da análise das telenovelas Mar
do Sertão (2022) e Travessia (2022), da Rede Globo, e de sua circulação nas
plataformas digitais X (Twitter) e YouTube. O percurso metodológico combinou a
análise da gramática de produção das novelas com o acompanhamento da
circulação digital em fases distintas (estreia, meio e final), contemplando
comentários, memes, hashtags e trailers. O referencial teórico abrange autores
como Gilbert Durand (regimes do imaginário), Eliseo Verón (contratos de leitura,
midiatização e reconhecimento), José Luiz Braga (circulação), Antonio Fausto Neto
(zonas de acoplamento e lógicas de visibilidade) e Ana Paula da Rosa (imagenstotens). Os resultados apontam que certos símbolos históricos permanecem como
imagens-totens (sertão árido, religiosidade, coronelismo, mulher forte), mas, em
contexto digital, passam a atuar como imagens-totens conectivas, articulando
temporalidades, plataformas e atores sociais. Constatou-se que Mar do Sertão
ressignifica arquétipos nordestinos em chave afetiva e de orgulho cultural, enquanto
Travessia evidencia fragilidades e rupturas no reconhecimento.