Ehjcreere’Catiji: ritual de iniciação à vida adulta dos Krikati: mudanças e (re)significações (séculos XIX e XX)

Ehjcreere’Catiji: ritual de iniciação à vida adulta dos Krikati: mudanças e (re)significações (séculos XIX e XX)

Dias, Aparecida de Lara Lopes

URI: http://www.repositorio.jesuita.org.br/handle/UNISINOS/9407

Fecha: 2020-07-27

xmlui.dri2xhtml.METS-1.0.item-contributorAdvisor: Martins, Maria Cristina Bohn

Resumen:

Este estudo tem como objetivo principal analisar o ritual de iniciação à vida adulta dos Krikati denominado de Ẽhjcreere', no que se refere à mudança e à continuidade deste no movimento do tempo, bem como sua importância para a organização social do referido povo. O ritual é uma das cerimônias utilizadas na passagem da vida infantil para vida adulta, envolvendo colocar reclusos adolescentes com a idade entre doze a catorze anos, numa estrutura que identificam como “casinha”. O período de confinamento é próximo aos três meses, que coincide, no tempo atual, com as férias escolares, tendo como objetivo aparente a mudança corporal com aquisição de peso. A pesquisa tem como marco temporal os séculos XIX e XX, e se estende aos dias de hoje. É uma história do tempo presente, considerando que a partir desse século, iniciaram, entre eles, atualizações culturais, principalmente pelo relacionamento com a sociedade não indígena. Entre elas, a luta pela terra que sempre consideraram suas, a expansão pastoril e agrícola, a introdução da escola nas aldeias, as quais incorporaram no aspecto social e mítico, costumes e valores do contato. O dinamismo cultural atualizou o sentido do ritual no tempo e no contexto. A tese direciona-se para afirmamos que implicações de cunho temporal e histórico promoveram a ressignificação do ritual, no sentido de que não apenas os meninos, mas também as meninas deveriam se preparar para vida adulta em comunidade, assim como alimentar a tradição cultural de um povo que a partir do mito da “Aldeia Grande”, construiu autonomia étnica dentro de seu próprio grupo de pertencimento. As fontes orais nessa investigação apontaram que ressignificar tanto o mito quanto o rito é um processo histórico, de tal modo, mesmo que alguns jovens decidam não participar do ritual ou optem por viver ritos de passagem dos não indígenas, ou pelo estudo e não pelo casamento; que venha diminuir o tempo de confinamento ou se acomodar ao período de férias; que haja, ainda, mudanças nas regras e dietas ao tempo da reclusão e a substituição dos artefatos tradicionais pelos industrializados, apesar de tudo isso, o ritual continua sendo importante. O resultado desse estudo assinala que o ritual do Ẽhjcreere' foi ressignificado a partir da interação entre os jovens com seu ambiente social e cultural, principalmente no pós- contato, sendo este elemento importante para o processo dinâmico de transformação permanente de sua sociedade.

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