Resumo |
O objetivo do presente trabalho é investigar como o horror da morte é enunciado em Hereditário (Hereditary, 2018, dir. Ari Aster), ou seja: de que forma o sentimento é significado pelo discurso narrativo e como podemos percebê-lo a partir da investigação do processo de enunciação da narrativa fílmica. Para fundamentar a análise, é desempenhado um estudo que se inicia na natureza da narratividade humana a partir de Platão (2000), Aristóteles (2008) e Ricoeur (1994) e seus conceitos de diegese, mimese e muthos. Depois, parte-se para a investigação da narrativa cinematográfica, a partir de uma leitura semionarratológica. À luz de Metz (1972) e Peirce (1931-58; 1976 apud SANTAELLA, 1990), olha-se para o mecanismo de significação do cinema. Então, segue-se para o estudo da enunciação, alicerçado em Genette (1995) e Benveniste (1976), e das particularidades enunciativas da narrativa fílmica sob a perspectiva de Gaudreault e Jost (2009) e Metz (2015). Da enunciação, avança-se para a construção do ponto de vista na narrativa cinematográfica, através dos conceitos de ocularização, auricularização e focalização. Por fim, aborda-se as potencialidades sígnicas do som no filme a partir de Chion (2011). Baseando-se nessa fundamentação teórica, desempenha se a análise de Hereditário (2018) a fim de identificar os procedimentos enunciativos utilizados para significar o horror da morte na narrativa fílmica, através da análise de quatro sequências do filme que compreendem narrações da morte de personagens. Assim, identifica-se no filme uma constante dinâmica de antecipação e ruptura, criada a partir da administração da informação narrativa (focalização) e da manipulação dos ritmos visuais e sonoros, que evoca o sentimento de horror da morte.; |