Resumo:
A formação de sucessores deve ser compreendida como uma prática estratégica que evidencia a responsabilidade da gestão e a preocupação com a perenidade das organizações cooperativas. A inexistência de lideranças preparadas para a continuidade pode gerar impactos negativos nas atividades, comprometendo seu crescimento e desenvolvimento sustentável. Por isso, este trabalho tem como objetivo compreender, na percepção dos cooperados, os fatores que influenciam na sucessão dos conselhos de uma cooperativa do ramo agropecuário do Rio Grande do Sul. A pesquisa adotou uma abordagem qualitativa, por meio do estudo de caso, com o uso de análise documental, grupo focal e observação como técnicas de coletas de dados. Os grupos de participantes da pesquisa foram compostos por 52 indivíduos, representando conselheiros de administração, conselheiros fiscais, sendo titulares e suplentes, cooperados, ex-conselheiros e dependentes que possuíam perfis variados em idade, cargo e tempo de vínculo com a cooperativa. Os dados foram analisados com base em categorias temáticas possibilitando a compreensão sobre os principais fatores que influenciam a sucessão, e a triangulação dos dados ofereceu subsídios para a sugestão de diretrizes para a formalização de um programa de sucessão. Os resultados evidenciam que a cooperativa já realiza esforços para capacitar seu quadro social, reconhecendo a importância da sucessão qualificada. A pesquisa revelou que o senso de pertencimento é o principal estímulo à participação nos cargos eletivos, ao passo que algumas barreiras persistem, como regras estatutárias pouco claras e ausência de critérios objetivos para determinados processos. Conclui-se que a alta administração e os cooperados demonstram crescente maturidade institucional e engajamento com as melhorias internas, o que favorece a construção de um ambiente mais preparado para a sucessão nos conselhos. Os achados podem subsidiar ações corretivas e estratégias de aprimoramento da governança na cooperativa.