Resumo:
Esta dissertação é composta por dois artigos empíricos derivados de um projeto de pesquisa sobre a percepção da doença, o estresse percebido e o bem-estar subjetivo de trabalhadores hipertensos e normotensos. No primeiro artigo, examinou-se a percepção da doença, níveis de estresse e bem-estar subjetivo dos trabalhadores e a relação entre esses constructos. No segundo artigo, desenvolveu-se e testou-se um protocolo de intervenção piloto, avaliando seus efeitos na percepção da doença e no gerenciamento do estresse. Ambos os estudos foram quantitativos, sendo o primeiro transversal correlacional e o segundo quase-experimental. Participaram dos estudos 33
trabalhadores, divididos entre hipertensos e normotensos. Os instrumentos utilizados foram um questionário de dados biosociodemográficos (comportamentos em saúde), a escala breve de percepção da doença e a de estresse percebido para ambos os estudos. Adicionalmente, utilizou-se as escalas de afeto positivo e negativo e a de satisfação de vida para o estudo 1. No estudo 1, os resultados revelaram que hipertensos percebem a doença como não ameaçadora, enquanto que os normotensos percebem a hipertensão como levemente ameaçadora. Além disso, ambos os grupos perceberam que tanto o indivíduo quanto o tratamento têm grande importância no controle da doença. Normotensos tiveram alta percepção de que a doença é sintomática (identidade) e de que causa muitas consequências à vida do portador. Os resultados deste estudo indicaram também níveis médios de satisfação de vida, estresse e afeto positivo, enquanto que os níveis de afeto negativo foram baixos para homens e médios para mulheres. Tais resultados possibilitaram maior compreensão acerca das crenças sobre a doença, do estresse e do bem-estar subjetivo dos hipertensos e normotensos, evidenciando as diferenças entre as crenças de ambos os grupos e as semelhanças em relação aos níveis de bem-estar e estresse. No estudo 2, os resultados evidenciaram os efeitos positivos da intervenção em ambos os grupos, especialmente através da redução dos níveis de estresse e da ampliação nas percepções de compreensão (coerência) e de controle pessoal acerca da doença. Tais resultados reforçam a importância da educação em saúde como estratégia de promoção da autonomia do indivíduo, visando à prevenção e controle da Hipertensão. Ademais, os achados indicaram que em função das diferenças entre as condições clínicas é importante personalizar futuras intervenções de acordo com as necessidades específicas de cada grupo. Os achados de ambos os estudos podem ser úteis para o planejamento de futuras estratégias de prevenção e controle da hipertensão com a população em geral, mas especialmente com trabalhadores dos diversos segmentos.