Resumo:
Frente às urgências globais do século XXI, novas exigências se apresentam à
educação para a construção de um futuro sustentável para todos, e a educação
integral é apontada como uma necessidade para esse fim. Este trabalho tem o objetivo
geral de discutir a potencialidade da educação integral como um caminho necessário
ao enfrentamento das urgências do Antropoceno no século XXI. E como objetivos
específicos: i) explorar como o tema da educação integral vem sendo contemplado na
pesquisa em educação no Brasil no século XXI; ii) apreender o discurso oficial
brasileiro na proposição de uma política nacional de educação integral; iii) evidenciar
o paradigma predominante de educação integral na realidade brasileira do século XXI;
iv) discutir os alcances, limites e potencialidades do discurso e paradigma
predominantes de educação integral no Brasil; e v) vislumbrar como a educação
integral no Brasil pode ultrapassar os limites de seu discurso e modelo predominantes
e responder de forma imprescindível às urgências deste século. A abordagem
metodológica é qualitativa, de tipo bibliográfica e análise documental, com revisão de
literatura narrativa e sistemática, a partir de 85 teses de doutorado associadas ao
tema. Suas referencialidades teórico-conceituais estão identificadas nas pesquisas
em educação estudadas; nas contribuições da Teoria do Dispositivo Pedagógico de
Basil Bernstein; na perspectiva sociológica crítica em torno da sociedade neoliberal,
de Dardot e Laval (2016), e na reflexão sobre os saberes e o pensamento complexo
de Edgar Morin (1999; 2002), dentre outros. As análises apontam que tanto a pesquisa
em educação, quanto o discurso oficial e os modelos predominantes de práticas
educativas associados à educação integral no Brasil se vinculam sobretudo à política
nacional do Programa Mais Educação, atualmente suspenso, e que apesar de sua
grande incidência nacional, tal discurso e modelo se limitam por se caracterizarem
como política de governo. A integralidade educativa, no entanto, compreendida com
uma racionalidade, pode revelar-se o caminho imprescindível para a educação no
Antropoceno do século XXI.