Resumo:
Esta tese investiga como o gótico, compreendido como um espectro estético persistente,
se atualiza na cultura pop contemporânea. Para analisar os fenômenos híbridos que
emergem na interseção entre o gótico e a cultura de massa — uma lacuna nos estudos de comunicação —, a pesquisa propõe o conceito de Darkpop. A fundamentação teórica
parte da Assombrologia (Derrida, 1994; Fisher, 2012, 2022) para explorar a persistência
(des)cronológica e repetitiva do gótico, argumentando que este opera como um espectro
e um ecossistema autofágico. Metodologicamente, propõe-se a Arqueologia dos
Espectros, um método qualitativo que articula a Assombrologia com a Arqueologia das
Mídias (Fischer, 2013; Zielinski, 2006; Ernst, 2001, 2013) para escavar os "fantasmas"
(manifestações contemporâneas) e suas encarnações passadas no arquivo digital. O
método é aplicado no mapeamento de fenômenos Darkpop (2020–2024) e em um estudo
de caso da série Wandinha (Netflix, 2022), analisada a partir de suas camadas históricas,
impacto cultural e sua relação com o capitalismo artista (Lipovetsky; Serroy, 2015).
Conclui-se que o gótico se atualiza através do Darkpop por ser um ecossistema
assombrado e autofágico, nutrido pelas tensões entre underground e mainstream. As
principais contribuições da tese são, portanto, o conceito de Darkpop e a metodologia da
Arqueologia dos Espectros como ferramentas para a análise de fenômenos culturais
espectrais na comunicação.