Resumo:
Este trabalho propõe uma ampliação do escopo da teoria enunciativa de Émile Benveniste com vistas a sua utilização no campo aplicado. Para tanto, procura mostrar que a proposta de análise translinguística anunciada no final de Semiologia da língua, a partir da qual a teoria se abre ao diálogo com o social, encontra-se formulada ao longo de textos que constituem Princípios de Línguística Geral I e Princípios de Línguística Geral II. Com base nessa proposta, analisa-se o modo como a ação pedagógica desenvolvida pela Tecnologia Social Projeto Pescar é (re)produzida por jovens egressos. O material de investigação constitui-se de 792 respostas à questão aberta que integra uma pesquisa realizada para a atualização de dados cadastrais e acompanhamento do progresso do jovem cerca de um ano do término do curso. A análise procura integrar as dimensões intralinguística e translinguística, organizando-se em torno do pressuposto de que a relação eu – tu que mobiliza a língua para falar de ele, ao ser atualizada por eu –tu é também um indicador de subjetividade. Os resultados indicam que a experiência vivida no Projeto Pescar é representada pelos jovens como viabilizadora de sua inscrição no laço social.