Resumo:
Esta dissertação se propõe investigar, descrever e analisar os significados atribuídos por estudantes de licenciatura da Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos) ao planejamento de ensino. Para isso, busco apoio teórico nos Estudos em Docência e em Planejamento de Ensino, aproximando-os da perspectiva pós-estruturalista de Michel Foucault. A partir dessa compreensão, proponho interrogar o tema planejamento de ensino com um olhar problematizador. Para realizar a pesquisa, fiz alguns movimentos para me aproximar da atividade acadêmica (disciplina) “Planejamento e Organização da Ação Pedagógica”, ofertada para os nove cursos de licenciatura da Unisinos, e, a seguir, escolhi o grupo focal como procedimento metodológico – coordenei cinco grupos focais com estudantes de licenciatura matriculados em uma turma no período letivo de 2015/2. Utilizei-me do conceito de linguagem como ferramenta teórica para estudar o planejamento de ensino por entender que ele contribui para a análise dos sistemas discursivos que conformam os objetos. Os resultados do estudo possibilitam mostrar que: (1) Os estudantes de licenciatura referem-se ao planejamento como algo flexível, e não como algo concluído. Ao mesmo tempo, os futuros professores vão apresentar o aluno como uma variável incontrolável, e, quando o aluno assume uma centralidade no processo de planejar, os conhecimentos escolares ficam esmaecidos; (2) Os licenciandos compreendem, ainda, o processo de planejar como intimamente ligado às questões metodológicas, e o relacionam menos aos objetivos e conteúdos a serem desenvolvidos. Ao mesmo tempo, quando mencionam conteúdos para pensar o planejamento, os estudantes o fazem como sinônimo de atividade ou lista de tarefas a serem executadas.